Vargas, Getúlio (1883-1954), político brasileiro, presidente da República (1930-1945; 1950-1954) cujas mudanças revolucionárias transformaram o Brasil em um dos principais países latino-americanos, nasceu em São Borja, Rio Grande do Sul, em 19 de abril de 1883, e morreu no Rio de Janeiro, em 24 de agosto de 1954.
Estudou na Faculdade de Direito de Porto Alegre, onde se formou em 1907. Foi nomeado promotor da cidade depois de ter participado da campanha do Partido Republicano. Elegeu-se deputado estadual em 1909 e reelegeu-se em 1913, mas o rompimento com Borges da Fonseca levou-o a renunciar ao cargo. Entretanto, regressou à Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul em 1917.
Em 1922, foi eleito deputado do Congresso brasileiro e, em 1926, foi nomeado ministro da Fazenda. Dois anos mais tarde regressou ao Rio Grande do Sul como governador e, em 1930, utilizou o cargo com o objetivo de conseguir apoio para sua candidatura presidencial. Foi então que, nessa época, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e a Paraíba organizaram a Aliança Liberal que apoiava a candidatura de Getúlio Vargas e João Pessoa (ver Partidos políticos), em oposição a Júlio Prestes, candidato que contava com o apoio do presidente Washington Luís.
Embora tenha perdido as eleições para Júlio Prestes, Vargas alcançou o poder em outubro desse mesmo ano depois de liderar um golpe de Estado com apoio do Exército. Governou por decreto, como presidente em função, até 1934, ano em que foi eleito presidente constitucional pelo Congresso. Em 1937, proclamou o estado de exceção, proibiu todas as organizações políticas, dissolveu o Congresso e declarou o Estado Novo, que se transformou em um regime de características fascistas, tendo-o como ditador.
Vargas propiciou a transferência de poder dos estados para o governo central, e procurou garantir o poder das classes médias e baixas das cidades, em detrimento dos latifundiários (ver Getulismo). Favoreceu a entrada do governo no âmbito dos negócios, em concorrência com o capital privado, introduziu um novo código trabalhista, nacionalizou os recursos minerais e incentivou a modernização da indústria brasileira. Durante a II Guerra Mundial, a crescente cooperação comercial e diplomática com os Estados Unidos levou o Brasil a participar do conflito (1942) junto com os aliados, apressando o processo de redemocratização do país. Em abril de 1945 decretou a anistia para centenas de presos políticos, entre os quais o líder comunista Luís Carlos Prestes.
Em seguida marcou eleições para 2 de dezembro, mas um novo golpe militar levou à sua destituição, em outubro de 1945, apesar do movimento “queremismo” que lutava pela sua continuação no poder. Cinco anos mais tarde, alcançou a presidência como membro do Partido Trabalhista (em 1953, nomearia João Goulart para o ministério do Trabalho), com o apoio do movimento sindical; contudo, o Exército se opunha cada vez mais à sua administração, fazendo oposição ao seu afastamento provisório até que as responsabilidades pelo assassinato do major Rubens Vaz fossem apuradas. Neste atentado foi ferido o jornalista Carlos Lacerda.
Depois de receber sérias ameaças golpistas, Getúlio Vargas suicidou-se em 24 de agosto de 1954 no palácio do Catete, deixando uma carta testamento de caráter político.